Globalização e Integração
Neste final de
século, o capitalismo apresenta uma dinâmica da acumulação fortemente
internacionalizada tanto sob a forma de capital produtivo quanto financeiro ou
comercial.
Nesse sentido,
globalização e integração constituem-se em aspectos centrais do funcionamento
da economia mundial nos dias de hoje. A globalização, por referir-se, de um
modo geral, ao aprofundamento do caráter internacional dos processos
econômicos; e a integração por remeter à tendência de surgimento de espaços de
relações privilegiadas entre países.
Assim, a
economia globalizada apresenta-se como um intenso mosaico mundial do qual fazem
parte blocos de economias nacionais que ostentam diferentes graus de fluidez
interna nos movimentos de bens e pessoas, mercadorias e fatores produtivos.
A globalização
seria, portanto, um processo de integração mundial que se intensifica nas
últimas décadas com base na liberalização econômica, quando os Estados
abandonam gradativamente as barreiras tarifárias que protegem sua produção da
concorrência estrangeira e se abrem ao fluxo internacional de bens, serviços e
capitais.
Segundo os
Diplomatas Sérgio Abreu e Lima Florêncio e Ernesto Henrique Fraga Araújo, o
processo de integração econômica refere-se a "um conjunto de medidas de
cárater econômico que tem por objetivo promover a aproximação e a união entre
as economias de dois ou mais países".
Blocos
Econômicos
São
associações de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre
si e que tendem a adotar uma soberania comum, ou seja, os parceiros concordam
em abrir mão de parte da soberania nacional em proveito do todo associado.
Os desenhos
desses novos mercados, antes de representar uma nova realidade comercial em
escala mundial, tendem a transformar-se em um projeto político, resultante de
uma decisão de Estados, que pode resultar ou não no aprofundamento da
integração entre os países que formam um bloco econômico.
Os blocos
econômicos podem classificar-se em zona de preferência tarifária, zona de livre
comércio, união aduaneira, mercado comum e união econômica e monetária.
Zona de
Preferência Tarifária
Este primeiro processo de integração econômica consiste apenas em
garantir níveis tarifários preferenciais para o conjunto de países que
pertencem a esse tipo de mercado (in MERCOSUL HOJE, Sérgio Florêncio et Ernesto
Araújo).
A antiga Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC) foi um
exemplo de Zona de Preferência Tarifária, pois procurou estabelecer
preferências tarifárias entre os seus onze membros, que eram todos os Estados da
América do Sul, com a exceção da Guiana e do Suriname, e mais o México. Em
1980, a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) substituiu a ALALC.
Zona de
Livre Comércio
Quando
constituem uma Zona de Livre Comércio (ZLC), os países parceiros reduzem ou
eliminam as barreiras alfandegárias, tarifárias e não-tarifárias, que incidem
sobre a troca de mercadorias dentro do bloco. Esse é o segundo estágio no
caminho da integração econômica.
O NAFTA
constitui-se em exemplo de Zona de Livre Comércio, um acordo firmado entre os
Estados Unidos, o Canadá e México.
Para o antigo
GATT, um acordo comercial só pode ser considerado uma Zona de Livre Comércio
quando abarcar pelo menos 80% dos bens comercializados entre seus
países-membros.
União Aduaneira
O próximo
passo consiste na regulamentação de uma União Aduaneira, momento em que os
Estados-Membros, além de abrir mercados internos, regulamentam o seu comércio
de bens com nações externas, já funcionando como um bloco econômico em
formação.
A União
Aduaneira caracteriza-se por adotar uma Tarifa Externa Comum (TEC), a qual
permite estabelecer uma mesma tarifa aplicada a mercadorias provenientes de
países que não integram o bloco.
Nessa fase,
dá-se início à formação de comissões parlamentares conjuntas, aproximando-se o
Poder Executivo dos Estados nacionais de seus respectivos Legislativos.
O Brasil, a
Argentina, o Uruguai e o Paraguai constituem, na atual fase de desenvolvimento,
uma União Aduaneira que luta para se transformar em um Mercado.
Mercado Comum
O Mercado
Comum apresenta-se como um processo bastante avançado de integração econômica,
garantindo-se a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais, ao
contrário da fase como União Aduaneira, quando o intercâmbio restringia-se à circulação
de bens.
No Mercado
Comum circulam bens, serviços e os fatores de produção (capitais e mão-de-obra)
e pressupõem-se a coordenação de políticas macro-econômica, devendo todos os
países-membros seguir os mesmos parâmetros para fixar taxas de juros e de
câmbio e para definir políticas fiscais.
A Comunidade
Econômica Européia, a partir de 1993, transformou-se em um bloco econômico do
tipo Mercado Comum.
União
Econômica e Monetária
Constitui o
estágio mais avançado do processo de formação de blocos econômicos, contando
com uma moeda única e um fórum político.
No estágio de
União Econômica e Monetária tem de existir uma moeda única e uma política
monetária inteiramente unificada e conduzida por um Banco Central comunitário.
Para se chegar
ao estágio de União Econômica e Monetária, há que se atravessar toda uma série
de momentos que demandam tempo e discussões entre os países-membros.
Assim, cada
acordo significa um avanço em relação às situações anteriores de níveis de
integração, sempre dependente da vontade política dos parceiros que fazem um
determinado bloco econômico em processo de integração.
Por exemplo, o
MERCOSUL não dispõe atualmente de instituições supranacionais, mas são
transparentes os avanços em seu processo de fortalecimento e consolidação, em
que pesem as crises conjunturais no plano da integração econômica.
O NAFTA, tudo
indica, parece não pretender adotar o princípio da livre circulação de
trabalhadores, embora tenha avançado bastante no que diz respeito ao volume das
trocas comerciais.
Já a União
Européia, originada da Comunidade Econômica Européia, por seus avanços em meio
século de negociações, tornou-se o maior exemplo de um processo de formação de
bloco econômico no mundo contemporâneo.
A idéia da
construção efetiva de uma organização aberta para reunir países europeus partiu
de uma proposta de Robert Schuman, Ministro francês das Relações Exteriores, em
1950, ao demonstrar os interesses comuns da França e da Alemanha Ocidental
quanto aos recursos naturais do carvão e do aço no território europeu.
Em 18 de abril
de 1951, a França, a Alemanha Ocidental, a Bélgica, Luxemburgo, os
Países-Baixos e a Itália assinaram, em Paris, um tratado instituindo a
Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA).
A atual União
Européia, surgida da criação, em 1957, da Comunidade Econômica Européia (CEE),
representa o mais avançado estágio desse processo de integração em blocos
econômicos, inclusive com a adoção de uma moeda comum, o Euro, e agora também
política, com o funcionamento de um Parlamento Europeu fortalecido, que tem
sede em Estrasburgo, na França, formado por deputados dos países da Comunidade
Européia, eleitos pelos cidadãos dos países-membros para representá-los num
fórum supranacional.
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